As mulheres atraentes não são as mais magras, ou que se submeteram a procedimentos estéticos, e sim as que se sentem confortáveis consigo mesmas Nas duas últimas colunas, falei da importância de uma alimentação equilibrada para evitar doenças crônicas e do risco aumentado para demência num quadro de sobrepeso, ou obesidade, a partir da meia-idade. Quero enfatizar que meu objetivo é a adoção de um estilo de vida saudável, e não buscar padrões estéticos associados à juventude. Por mais que pareça óbvio, aceitar o envelhecimento do próprio corpo ainda soa como uma “missão impossível”, principalmente para as mulheres.
As mulheres mais atraentes são aquelas que se sentem confortáveis consigo mesmas
Kim Brown para Pixabay
Até quem é adepta do exercício se depara, no espelho, com a passagem do tempo: manchas na pele, seios que há muito deixaram de ser empinados, flacidez nas coxas, pneuzinho na barriga. A maioria começa a se cobrir, sem conseguir conviver com o desconforto em relação ao corpo, inclusive durante o sexo. Uma amiga me disse que se recusa a ficar por cima do companheiro, com vergonha de peitos e abdômen com menos tônus. Temos que parar de ouvir essa voz interna, amarga e crítica.
A bilionária indústria de cosméticos e profissionais que transitam no território do culto à aparência sugerem que seremos menos amadas se não tivermos o visual de décadas atrás – e a tática funciona. Mas quem são as mulheres maduras atraentes? Não são aquelas mais magras, ou que se submeteram a procedimentos estéticos, e sim as que se sentem confortáveis consigo mesmas. As que riem e respiram à vontade, sem tentar encolher a barriga o tempo todo. Autoestima e confiança funcionam como um ímã.
Nocauteie a vozinha talibã que manda que você se cubra. Fique nua em frente ao espelho e admire o corpo que foi seu companheiro em tantos momentos de prazer. Ele está pronto para continuar essa jornada!
Em vez de enumerar as falhas, lembre-se que nenhum ser humano é perfeito. Cada um tem sua geografia, marcas e cicatrizes. O chamado “body positive”, termo cunhado na década de 1990 e que poderia ser traduzido como corpo positivo, é um movimento que luta contra a limitação dos padrões de beleza e pela aceitação do próprio visual. Embora esteja mais identificado com a bandeira contra a gordofobia, o preconceito contra o envelhecimento integra essa frente ampla. Lembre-se que o mundo das celebridades e das redes sociais se sustenta à base de intervenções, filtros e manipulações para transformar o real em ideal – e que por trás disso há um mercado extremamente lucrativo. O que o “body positive” ensina:
Pare de se comparar com as outras pessoas.
Realize atividades que a façam se sentir bem.
Inspire-se em corpos semelhantes ao seu.
Aprecie tudo o que seu corpo pode fazer e os prazeres que lhe proporciona.
No lugar da autodepreciação, contextualize sua trajetória. Em vez de ficar empacada em algo como “detesto minhas estrias”, relembre por que elas fazem parte da sua história. Se são resultado de gestações, o que está por trás das cicatrizes é pura felicidade.